Por Michelle Almeida, da Villa Mater
Amamentar é a primeira forma de nutrir os nossos filhos. Na verdade, na minha opinião, é a segunda, pois “imprinting”, que é quando o bebê olha fixamente nos olhos da sua mãe assim que nasce, é a primeira. Muitas vezes os dois ocorrem ao mesmo tempo e, por isso, a primeira mamada da vida de um bebê merece toda a atenção e respeito.
Só para lembrar, o “imprinting” é tão importante que levou o pesquisador Konrad Lorenz ao Prêmio Nobel de Medicina, em 1973. Segundo suas pesquisas, é o momento que mais conecta os neurônios do bebê, formando mais sinapses e ampliando o desenvolvimento cerebral da criança e o vínculo com a mãe.
Amamentar, então, envolve diversos fatores e benefícios como alimentar, conectar, desenvolver emocionalmente e intelectualmente, imunizar, tratar, aconchegar e muito mais. É um momento muito importante da relação mãe e bebê. Por isso, deve ser estimulado.
Falando em alimentação, só o leite materno possui todos os nutrientes que um bebê precisa para se desenvolver. Inclusive, alguns anticorpos e nutrientes – responsáveis por um melhor desenvolvimento intelectual da criança – só existem no leite materno, não podem ser reproduzidos no leite artificial. Por esse motivo, ele é o alimento mais recomendado para ser ministrado de forma exclusiva até os 6 meses de vida do bebê e até, no mínimo, 2 anos, em paralelo com os demais alimentos.
Além disso, para a mãe, amamentar pode trazer benefícios como, no pós-parto imediato, auxiliar na expulsão da placenta e na contração do útero, como efeito contraceptivo (enquanto o bebê estiver em amamentação exclusiva) e na prevenção do câncer de ovário, de útero e da diabetes.
Agora, olhando sob outra perspectiva, eu sei que amamentar pode ser um pouco assustador e, na prática, até mesmo um pouco mais difícil do que imaginávamos. Costumo falar que amamentar é uma das coisas da maternidade que mais nos faz lembrar a nossa natureza animal. É só você lembrar do termo ordenhar! No entanto, diferentemente do que se imagina, amamentar não será para todas as mães ou bebês algo tão instintivo. Por isso, é muito natural sentir medo ou ter dificuldades nesse processo.
Muitas vezes, são necessários pequenos, mas importantes, ajustes na pega, na posição, na manipulação da mama ou na oferta do leite, por exemplo. E com os devidos estímulos e técnicas tudo pode ser bem resolvido. Por isso, se você estiver se sentindo desconfortável ou com alguma dúvida, busque ajuda de uma boa profissional especializada em amamentação o quanto antes, pois esses motivos não podem te impedir de realizar algo tão importante.
As dificuldades em amamentar, e eu me arrisco a dizer, na maioria das vezes, não surgem da falta de conhecimento e, sim, da insegurança das mães. O que não é de se estranhar pois, ao longo dos últimos 50 anos, recebemos muitas informações sem evidências científicas, que não passam de mitos e que, aliadas ao excesso de cobranças do modelo de mãe e mulher perfeitas, colocaram as nossas mães de hoje contra a parede.
Por isso, eu vim aqui para te dizer que, em primeiro lugar, amamentar (e até mesmo desmamar), antes de tudo, é uma escolha que só cabe a você e deve ser respeitada. Segundo, que o seu corpo está sendo minuciosamente preparado durante a gestação para amamentar. Nem mil páginas seriam suficientes para descrever a perfeição dos detalhes do nosso corpo em relação à amamentação. A natureza sábia, mais uma vez, pensou em tudo.
Por isso, eu quero que você saiba que, mesmo que você tenha medo ou qualquer dificuldade no início, amamentar é possível para você! Então, não há forma melhor de se preparar para a amamentação do que acreditar em você mesma, confiar na sua capacidade de gerar e nutrir e blindar-se contra qualquer comentário que possa te fazer duvidar disso.
Eu acredito em você e te convido para essa experiência, às vezes mágica, às vezes trágica, de amamentar que, como todos os outros desafios da maternidade, sempre valem muito a pena.
Michelle Almeida, da Villa Matter, é colaboradora da A Gestante e escreve mensalmente no blog. Acompanhe mais sobre o trabalho dela visitando o site da Villa Mater e no perfil do instagram @villa_mater.
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